A Estatística pode explicar a diferença entre Rui e Cícero nas pesquisas Gape e Ibope? Confira

Agendaa 20 de outubro de 2016

A diferença foi muito, muito além da margem de erro de três pontos percentuais para cima ou para baixo.

Enquanto a pesquisa do GAPE publicada no jornal Gazeta de Alagoas no final de semana apontou uma diferença de dez pontos na pesquisa estimulada ente o candidato Rui Palmeira e Cícero Almeida (segundo o Gape, Rui teria 47% das intenções de voto e Cícero 37%), a pesquisa do Ibope, divulgada na segunda-feira, apontou uma diferença de 28 pontos, com 56% para Rui e 28% para Cícero.

Isso mesmo, a suposta diferença de apenas 10 pontos no Gape foi quase triplicada para 28 pontos de acordo com o Ibope.

Como as pesquisas ouviram praticamente a mesma quantidade de pessoas (cerca de 600 entrevistados) e foram realizadas em um intervalo de tempo muito próximo — o Gape diz que ouviu todos na quinta-feira (13 de outubro) e o Ibope entre a sexta-feira (14) e Domingo (16), será que a Ciência da Estatística pode explicar esse abismo?

“Pela semelhança do número de entrevistados, proximidade de datas e levando em consideração que nenhum evento de peso ocorreu entre as 24 horas que separaram uma pesquisa da outra, a única explicação possível para essa diferença estaria na escolha da mostra dos entrevistados para a pesquisa”, diz Júlio César Bastos de Figueiredo, doutor em Física Nuclear pela USP e professor e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo e da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “Em meus mais de 20 anos de experiência com pesquisas, qualquer mudança na representatividade da mostra pode induzir mudanças enormes no resultado”.

O pesquisador explica que, ainda que os dois institutos tenham realizado o mesmo número de entrevistas nos mesmos bairros, os números ainda assim podem variar bastante de acordo a escolha da mostra por gênero, renda, escolaridade, entre outros fatores. “Em um mesmo bairro, por exemplo, é possível encontrar áreas com eleitores de alta renda e nível de escolaridade e outras áreas que concentram eleitores com o perfil de renda média e baixa escolaridade”, diz o pesquisador. “Dependendo de quem você escolha, pode favorecer este ou aquele candidato”.

Por isso mesmo, o pesquisador diz que o que diferencia os institutos sérios com credibilidade no mercado de outros é a preocupação com a escolha da mostra de entrevistados com uma representatividade mais precisa do universo real de eleitores.

“A Matemática não mente”, diz o pesquisador. “Quem mente são os homens ao direcionar a mostra da pesquisa ou sua interpretação para os resultados que mais lhe convêm”.

Ou seja: só após o dia 30 de outubro os maceioenses terão chance de saber quais pesquisas estavam mais próximas da realidade… e da ficção.  

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