Excesso de salas comerciais em Maceió já preocupa especialistas

Agendaa 27 de janeiro de 2014

Quem visita edifícios comerciais como JTRNorconThe Square e Harmony nota que muitas salas permanecem vazias enquanto os proprietários resistem em reduzir o valor dos aluguéis. Ainda que o ritmo da economia volte a acelerar nos próximos meses, haverá demanda para o número de novos lançamentos em Maceió com oferta de até 200 novas salas por empreendimento?

Para consultores e especialistas ouvidos pela Agenda A, existem, sim, razões reais de preocupação em relação ao retorno futuro do investimento nesse tipo de empreendimento. “Maceió já está no estágio de super oferta de salas comerciais”, diz Cristiano Rabelo, consultor especializado no segmento imobiliário da RN Consultoria. “E dar continuidade a novos lançamentos prometendo retorno equivalente ao do passado beira à irresponsabilidade”.

De acordo com Rabelo, os sinais de excesso de oferta já são perceptíveis no número de salas ociosas em diversos bairros e apontam para a necessidade do investidor pensar em alternativas do mercado, como opções imobiliárias mistas residencial/hoteleira, por exemplo, que aproveite o fluxo de turistas na cidade durante o ano inteiro.

O consultor Edmilson Fialho, da Usina de Negócios, concorda que há sinais claros de superoferta de salas comerciais. “Isso ocorre porque muitas construtoras não investem em pesquisa e apenas seguem o boom de empreendimentos passados”, diz Fialho. “Sem planejamento, terminam fazendo mais do mesmo e não apostam em novos formatos que assegurem uma melhor rentabilidade para o investidor”. Para Fialho, da mesma forma que o mercado lançou vários centros comerciais sem pesquisa, o mesmo começa a acontecer hoje com os novos lançamentos de formatos misto imobiliário-hoteleiro. “Não adianta nada construir um condo-hotel sem avaliar se a localização, público-alvo e o modelo de administração são compatíveis com a demanda do consumidor”, diz o consultor. De acordo com ele, a falta de pesquisa no local faz com que se percam outras oportunidades adequadas à região onde se pretende construir. “No Centro de Maceió, por exemplo, há uma clara escassez de vagas de estacionamento”, diz Fialho. “Ainda assim, não tenho visto projetos de construtoras para a construção de edifícios garagem, cujo valor de construção e manutenção é bem menor do que o de um edifício para salas comerciais”.       

Para José Humberto Lobo, da construtora Humberto Lobo, o problema não estaria no formato dos lançamentos imobiliários, mas na adequação do projeto ao mercado. “Antes de decidirmos lançar o empresarial Humberto Lobo na Serraria, por exemplo, identificamos uma lacuna enorme desse tipo de empreendimento na região”, diz o construtor. “Da mesma forma, identificamos lacunas de moradia na Gruta, Barro Duro e no Centro da cidade que não apareceriam no radar se não tivéssemos pesquisado o mercado”, diz. Ainda de acordo com o construtor, os problemas de mobilidade urbana em Maceió exigem uma análise de áreas que nem sempre o mercado enxerga quando decide seguir os mesmos modelos que deram certo no passado. 

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