Alagoano homenageado em SP conta trajetória do hotel que mudou a cara da Ponta Verde

Agendaa 20 de maio de 2016

por Rodrigo Cavalcante

Em 1979, podia-se contar em uma só mão os pioneiros edifícios recém-lançados em meio aos areais da Ponta Verde – que, diferentemente da já urbanizada Pajuçara, ainda mantinha a atmosfera do velho sítio de coqueiros.

Um desses lançamentos à beira mar, o edifício Álvaro Otacílio, contudo, nunca chegou a ser vendido para moradores.

Tudo porque, após sua construção, o jovem de 21 anos Mauro Vasconcelos, de olho no potencial do turismo da região, convenceu seu pai a transformá-lo no primeiro grande hotel do bairro, inaugurado no dia 7 de julho de 1980 – numa época que, com exceção do também recém-lançado Jatiúca, a maioria dos hotéis da capital estavam localizados na Praia da Avenida.

Quase 36 anos depois, o Hotel Ponta Verde tornou-se conhecido nacionalmente não apenas como um dos pioneiros do turismo em Maceió, mas como um caso de sucesso no setor pela manutenção de uma média invejável de taxa de ocupação durante mais de três décadas. Esta semana, seu fundador, Mauro Vasconcelos (que lançou há pouco mais de 3 anos o Hotel Ponta Verde na Praia do Francês), foi um dos homenageados do Congresso Nacional de Hotéis, em São Paulo, um dos mais importantes do setor. Abaixo, ele conta a AGENDA A um pouco mais sobre a trajetória do hotel que mudou a cara do turismo em Maceió:

AGENDA A – Quando o Hotel Ponta Verde foi lançado, em julho de 1980, os bons hotéis da cidade, com exceção do Hotel Jatiúca, ainda estavam localizados na Praia da Avenida, próxima ao Centro. Quantos anos levou para o Hotel provar que seria um bom negócio?

Nos primeiros anos, a ocupação era baixa, claro, e muita gente apostava que o hotel só funcionaria durante alguns meses no ano, na alta temporada. Pouco a pouco, contudo, começamos a trabalhar na promoção do turismo em parceria com o Hotel Jatiúca, que foi fundamental para atrair um novo turismo de lazer para Maceió. Essa parceria, inclusive, é uma marca da hotelaria alagoana até hoje da qual me orgulho de ter ajudado a fomentar. Apesar de não lembrar exatamente de uma data, acho que por volta de 1984 já tínhamos a certeza de que o hotel se consolidaria como negócio. Nesse período, cheguei a morar no Hotel durante uns três anos.

Nessas décadas, o que você descobriu ser decisivo para manter uma média alta na taxa de ocupação de um hotel?

Além de um trabalho constante de articulação com todo o setor para promover o destino Alagoas, o principal fator, que pode até soar como um clichê, é a satisfação do cliente. Com isso, nem chego ao ponto de dizer, como repetem alguns, que o cliente necessariamente sempre tem razão. Em alguns casos, ele pode até não ter. Mas, se não sair satisfeito do hotel, não tem jeito. Não voltará nem vai indicá-lo. E para manter a consistência no atendimento é preciso contar com uma equipe integrada, delegar responsabilidades e criar um clima em que cada um sinta-se responsável em manter o cliente satisfeito.

Mais de 36 anos depois, a Ponta Verde mudou de cara, tornou-se um bairro com alta concentração urbana que enfrenta problemas como trânsito e as chamadas línguas sujas na orla. Você teme que, no futuro, a Ponta Verde possa sofrer o mesmo que aconteceu com a Praia da Avenida?

Não acredito, mas é claro que precisamos ficar atentos e cuidar melhor do bairro. É natural que os bairros mudem de perfil ao longo dos anos, mas isso não significa necessariamente que o surgimento de novos eixos para o setor imobiliário e turístico resulte na decadência de outros bairros. A expansão do Rio de Janeiro para a Barra da Tijuca, por exemplo, não desvalorizou o bairro de Ipanema, que continua tendo um dos metros quadrados mais disputados do país. Particularmente, sempre lutei contra a mentalidade estreita de que o sucesso de um novo destino ou de um novo empreendimento vai de encontro ao sucesso de empreendimentos já consolidados. A própria trajetória do Hotel Ponta Verde é uma prova disso, já que desde nossa inauguração crescemos e mantivemos excelentes médias em taxa de ocupação ao lado do crescimento de outros empreendimentos. A força do turismo em Alagoas vem dessa união, e acredito que só juntos podemos impedir que áreas essenciais ao turismo no Estado entrem em decadência por falta de cuidado de nossos governantes.

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