Livro ‘renegado’ de escritor alagoano ganha nova edição
Agendaa 7 de agosto de 2014
Uma raposa percorre à noite uma cidade aterrorizada, onde o Sindicato da Morte decide quem é culpado ou inocente.
A cidade é Maceió. E o livro da sinopse acima, Ninho de Cobras, do alagoano Lêdo Ivo (1924-2012), foi considerado uma obra-prima do romance moderno no Brasil logo após sua publicação, em 1973.
Em Alagoas, contudo, a metáfora “Ninho de Cobras” para um livro ambientado no Estado causou mal estar na elite local. Ainda que a metáfora, como deu pistas mais tarde o próprio Lêdo Ivo, possa ser entendida como uma referência aos alagoanos que, como ele, amavam sua terra, assim como as cobras amam seus ninhos, o livro se tornou uma espécie de clássico maldito por retratar um ambiente dominado por uma sociedade com DNA coronelista.
Só na última década, graças a trabalhos como o documentário Imagem Peninsular de Lêdo Ivo, do cineasta Werner Bagetti, do relançamento da obra completa de poesias pela Braskem e do esforço de pesquisadores como a escritora Leda Almeida, os alagoanos finalmente lhe renderam as homenagens devidas.
Faltava, contudo, uma justa e merecida reedição de Ninho de Cobras, traduzido até em Dinamarquês, mas cujas velhas edições em português só eram encontradas por aqui em sebos.
Agora não falta mais.
A Editora da Imprensa Oficial Graciliano Ramos anunciou, nesta quinta-feira (7), a assinatura de contrato com os herdeiros do escritor alagoano para a publicação de uma quinta edição do romance, que estava fora de catálogo.
Mais do que uma justa homenagem, trata-se de um ajuste de contas do alagoano com a sua própria história – e imagem.
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