“Beber pela ciência”: cervejaria alagoana participa de maior pesquisa científica em busca de novos estilos brasileiros da bebida

Rodrigo 10 de outubro de 2023

Rótulo Alagoas Funky Wild, da Caatinga Rocks: resultado de experimento nacional em busca de cervejas com identidade brasileira

Um dos maiores e mais ousados projetos científicos para desenvolver um conjunto de cervejas com identidade nacional à base da manipueira (líquido que sai da mandioca prensada) contou com a participação de destaque de uma cervejaria alagoana.

A Caatinga Rocks, uma das mais premiadas cervejarias do Estado (e do Nordeste, com prêmios nacionais e internacionais), foi uma das 53 cervejarias brasileiras que integram o “Projeto Manipueira”, coordenado pela Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) em parceria com laboratórios e cientistas especializados nos microorganismos e leveduras nacionais.

O resultado da experiência, que durou mais de um ano e teve como meta compreender e avaliar o potencial dos microorganismos presentes no ambiente de cada região, gerou localmente o rótulo  “Alagoas Funky Wild”, cerveja lançada pela Caatinga Rocks no mês passado à base do “suco” da mandioca com aromas frutados que vão da carambola à graviola.

“Estamos muito felizes não apenas com a qualidade do produto final do rótulo, como também por inserir Alagoas em uma pesquisa importante ao lado de marcas artesanais de todo o país unidas para compreender o potencial do ambiente e dos microorganismos de cada região para a produção de cervejas”, diz Rafael Leal, fundador da Caatinga Rocks ao lado do irmão Marcus Leal.

Para a pesquisadora de Biotecnologia Carola Carvalho, à frente do projeto, o levantamento de dados iniciais da pesquisa já mostra uma diversidade importante no conjunto de microorganismos presentes na fermentação em diversas regiões do país. “Num primeiro levantamento de dados, já percebemos que algumas cervejas produzidas nos Estados do Nordeste têm uma quantidade e diversidade maior de microorganismos”, diz Carola, adiantando que um dos próximos passos do projeto é criar um banco de leveduras que ajude os produtores locais a explorarem melhor o chamado terroir local – conceito comum no mundo de vinho que se baseia no impacto do solo, do clima, altitude e dos microorganismos locais na qualidade e características das cervejas regionais.