Alagoana vence prêmio de uma das maiores editoras do país com biografia de líder feminista nascida em Maceió
Rodrigo 2 de novembro de 2023

Alagoana Cibele Tenório ao lado da foto da ativista pelo voto feminino Almerinda Farias: livro será lançado pela Editora Todavia
A jornalista alagoana Cibele Tenório nunca teve a chance de se encontrar pessoalmente com Almerinda Farias, um dos maiores nomes (e ainda pouco conhecidos) da luta pelo voto feminino no Brasil.
Cibele, afinal, tinha apenas 16 anos quando Almerinda faleceu no Rio de Janeiro, em 1999.
Vinte e quatro anos após a morte da líder feminista, um prêmio concedido por uma das maiores editoras do país à jornalista alagoana dará a chance de todo o Brasil se reencontrar com a história de Almerinda.
Vencedora da terceira edição do “Prêmio Não Ficção” da Editora Todavia, uma das maiores do país (que publica obras de grandes autores nacionais e internacionais, como a Prêmio Nobel de Literatura Olga Tokarczuk), Cibele Tenório terá sua pesquisa sobre a alagoana lançada em livro pela editora num prazo previsto de até 18 meses.
“Desde que iniciei minha pesquisa sobre Almerinda para realizar um curta e, mais tarde, tese de doutorado, fiquei surpresa pelo pouco que se falava dela diante de outros grandes nomes da luta pelo sufrágio feminino como Bertha Lutz”, diz Cibele, cuja pesquisa concorreu com outros 227 projetos de biografia de todo o país avaliados por jurados de renome na área. “Apesar de ela fazer parte desse grupo, destoava por ser negra, por não ter um sobrenome influente, por ser assalariada, enfim, não há como negar que esse silenciamento tem a ver com o racismo”.
Mesmo tendo sido obrigada a deixar Maceió aos oito anos de idade para morar com uma tia em Belém após a morte do pai, Cibele diz que Almerinda sempre registrou as boas lembranças que teve no Estado assim como a importância da figura paterna que a estimulava ainda criança a seguir os estudos e a não se acomodar aos papéis reservados à mulher no início do século passado.
“Estou muito feliz por ajudar a tornar Almerinda não apenas mais conhecida em todo o Brasil, como também em Alagoas, já que eu mesma só tive a chance de conhecê-la quando fiz essa pesquisa aqui em Brasília”, diz a jornalista, que há dez anos saiu de Alagoas (onde trabalhou em organizações como Instituto Zumbi dos Palmares e na TV Pajuçara) para trabalhar na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), onde atualmente apresenta e produz na Rádio Nacional o programa “Festa do Disco”, dedicado a álbuns icônicos de artistas brasileiros (com transmissão para Brasília, Rio de Janeiro e Amazonas ou pela internet aqui).
De acordo com Cibele, que além da publicação do livro receberá um prêmio de R$ 15 mil até o lançamento, a obra terá como base a pesquisa de doutorado que realizou sobre Almerinda, com inclusão de mais material sobre a vida pessoal da alagoana, além de uma edição para dar um tom ainda mais biográfico à pesquisa.