Maceió ganha nova sala de cinema e teatro com nome de cineasta que ajudou a projetar arte popular de Alagoas

Rodrigo 16 de outubro de 2024

Acima, almoço em 1982 no então bar do “seu Fernando” (de pé na foto acima), na Ilha do Ferro, décadas antes do povoado se transformar num dos maiores centros de artesãos e artistas da região Nordeste

Preste atenção na foto acima.

Ela foi captada há mais de 40 anos, em 1982, durante um almoço num povoado sertanejo próximo de Pão de Açúcar.

O fotógrafo e cineasta Celso Brandão (sentado à direita, de óculos, servindo seu prato) acompanhava então a amiga e museóloga Carmem Lúcia Dantas (à esquerda, única mulher da foto) e outros convidados, como o artista e cenógrafo Gustavo Leite (de barba e sorrindo para câmera, falecido em 2002 e hoje nome do teatro), em um trabalho de registro do bordado Boa Noite.

Com olhar afiado para reconhecer talentos da arte popular, Celso logo focou sua atenção para a mobília de bancos e cadeiras de galhos retorcidos feita à mão pelo dono do estabelecimento que pareciam esculturas.

Até então, nem Alagoas nem o Brasil ainda conheciam o dono do bar, “Seu Fernando”, nem mesmo a Ilha do Ferro, que graças ao trabalho pioneiro do artesão que faleceu em 2009 é hoje um dos destinos obrigatórios da arte e artesanato brasileiro.

“Sempre me senti na obrigação, que é também um privilégio, de registrar o trabalho de todos esses mestres talentosos, muitos deles que já se foram”, diz Celso Brandão, cujo nome foi homenageado com a nova sala de cinema e teatro restaurada no Centro Cultural Arte Pajuçara.

Aberta oficialmente terça passada, a nova sala que ganhou projetor de cinema, novo sistema de iluminação e reforma das poltronas foi inaugurada com a apresentação de um curta em homenagem ao cineasta e fotógrafo seguido da projeção de seu mais recente filme “Antônio Gonçalves, o Cordelista Calceteiro”, que narra a história do artista da Ilha do Ferro.

“Essa homenagem é um reconhecimento ao trabalho do Celso que, mais do que um cineasta e fotógrafo talentoso, se tornou um dos maiores guardiões da memória da arte popular em Alagoas”, diz Marcos Sampaio, o Marcão, do Arte Pajuçara. “Decidimos fazer essa homenagem em vida não apenas em reconhecimento a toda sua obra já realizada, mas também para as obras que ele continua realizado e ainda vai realizar”.

O fotógrafoCelso Brandão, acima, com sua máquina: mais de 40 anos documentando paisagens e cultura de AL