Publicitário alagoano que atuou na campanha de Ricardo Nunes fala sobre a mais disputada (e conturbada) eleição de São Paulo
Rodrigo 28 de outubro de 2024
“Amigo, tem abertura para participar da maior campanha do Brasil?”
Em meados de junho passado, o publicitário alagoano Hermann Fernandes, da Chama Publicidade, estava viajando em Portugal com a família quando recebeu o convite acima do amigo Wilmar Bandeira, paraibano que já morou em Alagoas (foi secretário de comunicação de Alagoas no Governo Téo Vilela) e estava ajudando a completar a equipe de campanha da reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, do MDB.
Com apoio de seus sócios na Chama e experiência acumulada como redator em diversas campanhas (incluindo a mais recente eleição de Renan Filho ao Senado), Hermann aceitou o desafio de trabalhar como redator durante a campanha encerrada ontem com a vitória de Nunes (com 59,35% dos votos válidos contra 40,65% de Boulos) daquela que já é apontada como a mais disputada (e conturbada) eleição na história da capital paulista — com lances inusitados incluindo agressões físicas como a cadeirada de Datena e um soco de um assessor do coach Pablo Marçal ao chefe da campanha de Nunes, Duda Lima, líder da equipe de campanha integrada por Hermann e outros profissionais como o baiano Bruno Cartaxo, diretor de criação e por outro alagoano, o editor Beto Braga.
“Foram, sem dúvida, mais de três meses intensos de muito aprendizado”, diz o publicitário, que volta a Maceió nesta segunda para retomar o trabalho na agência. Entre os momentos mais críticos e decisivos da campanha, Hermann lembra que, até o início da disputa, toda a estratégia de marketing foi pensada tendo como únicos adversários os candidatos Boulos, Datena e Tábata. “Quando o Pablo Marçal anunciou sua candidatura, é claro que isso mexeu de forma muito significativa no tabuleiro da disputa, ainda mais pelo fato dele ter a vantagem de dominar as redes sociais com milhões de seguidores no período que antecedeu o início da propaganda gratuita eleitoral e dos debates”, diz Hermann. “A partir do dia 30 de agosto, com o início dos programas e inserções na TV e na rádio, o uso de forma criativa da mídia tradicional permitiu se contrapor às fake news propagadas nas redes, o que ajudou a equilibrar o jogo, inclusive com o reforço na mensagem e apoio decisivo do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas”.
Para Hermann, apesar da campanha da eleição de Bolsonaro à presidência já ter demonstrado a força das redes, essa campanha em São Paulo será lembrada como um marco que mostra a necessidade do Tribunal Superior Eleitoral criar novos mecanismos de acompanhamento e controle sobre o universo digital. “Acho que a lição que fica é o desafio da criação de ferramentas que possam acompanhar em tempo real a dinâmica nas campanhas nas redes sociais para evitar a propagação de uma série de fake news que atingiram não apenas Nunes, mas vários candidatos”, diz o publicitário.