Alagoas tem chance única de captar R$ 30 milhões para fortalecer sua indústria de cinema; saiba como aqui

Rodrigo 15 de julho de 2025

 


Bastidores de filmagem no Litoral Alagoano: audiovisual do Estado pode captar R$ 30 milhões da Ancine se Governo de Alagoas, Prefeitura de Maceió e de Arapiraca investirem juntas R$ 6 milhoes 

 

Em qual outro setor da indústria no Brasil seria possível receber R$ 30milhões de contrapartida nacional com base em um investimento inicial local de apenas R$ 6 milhões — multiplicando cada real investido por seis?

Essa é a oportunidade que o Governo de Alagoas, a Prefeitura de Maceió e a Prefeitura de Arapiraca terão até o próximo dia 18 de agosto (caso se organizem minimamente) para captar R$ 30 milhões do fundo setorial da Agência Nacional de Cinema, a Ancine, com investimento de apenas R$ 6 milhões no edital de arranjos federais em conjunto com o Ministério da Cultura lançado mês passado.

Na prática, se Arapiraca investir, por exemplo, R$ 1 milhão, Maceió R$ 2 milhões (equivalente ao cachê de duas grandes atrações nacionais em eventos recentes) e o Governo de Alagoas R$ 3 milhões, a soma desses valores multiplicada pela contrapartida da Ancine fará a economia criativa local receber R$ 36 milhões para a produção audiovisual alagoana.

E essa contrapartida só está aberta a Arapiraca, a Maceió e ao Governo de Alagoas pelo fato do edital deste ano da Ancine só permitir inscrição de quem participou do edital passado — o que fechou a oportunidade, por exemplo, para cidades como Penedo, que tem investido na área e planejava aportar mais recursos para contar com contrapartida.

“Até por essa restrição, essa é, sem dúvida, uma janela de oportunidade única de captação de recursos para o segmento que não deve ser perdida em nenhuma hipótese”, diz o produtor cultural Marcos Sampaio Araújo, o Marcão, que esteve à frente da mediação de editais passados da Ancine em gestões passadas. “Esses recursos impulsionam toda uma cadeia economia criativa em Alagoas que tem despontado como um dos setores que mais geraram empregos nos últimos anos”.

No ano passado, uma pesquisa nacional sobre economia criativa realizada pela Fundação Itaú, braço cultural do maior banco privado do Brasil, apontou Alagoas como o terceiro Estado do país com maior crescimento relativo de vagas de trabalho do setor, com destaque para a indústria de Cinema, Rádio e TV, que registrou 2444 novos postos de trabalho apenas no ano de 2023 — um aumento de 111% em relação a anos passados (veja matéria publicada por AGENDA A aqui).

Para o cineasta Rafhael Barbosa, um dos representantes de Alagoas na edição passada do Festival de Cannes e co-fundador da produtora alagoana La Ursa, o impacto econômico da indústria do audiovisual alagoano precisa ser mais divulgado inclusive para que governo de Estado e prefeituras se mobilizem para não desperdiçar recursos essenciais para consolidar a indústria do Estado.

“Alagoas tem hoje 74 produtoras registradas na Ancine que empregam milhares de pessoas na produção atual de 19 longa-metragens, três séries, nove telefilmes e mais de cem curtas-metragens”, diz Rafhael. “E todos esses dados econômicos de empregos diretos não contabilizam outros ganhos bem menos tangíveis, que além de projetar Alagoas em festivais nacionais e internacionais de cinema, têm impacto direto na divulgação da cultura e da identidade de um Estado que tem o turismo como uma de suas principais forças”.

Correção: A matéria foi atualizada com base na informação de que o teto de R$ 30 milhões corresponde apenas ao valor da contrapartida da Ancine – o que, somado aos R$ 6 milhões de investimento local, totalizariam R$ 36 milhões para o setor.