Djavan fala da escolha do Jaraguá para 1º show de turnê mundial e de canção composta com a família em Milagres

Rodrigo 26 de março de 2023

De Maceió para o mundo: show na próxima sexta (21) abre turnê que irá a mais de 50 cidades no Brasil, EUA e Europa (foto Gabriela Schmidt)

 

Um show histórico, num bairro histórico.

Ao menos essa é a expectativa da produção e organizadores do show do alagoano Djavan no próximo dia 31 de março (sexta), no estacionamento do Jaraguá, onde são esperadas mais de 25 mil pessoas para a abertura da turnê “D” – que seguirá de Maceió direto para outras 50 cidades no Brasil, Estados Unidos e Europa.

“Quis marcar a abertura da turnê em Maceió num local com capacidade para receber um público maior que permitisse valores de ingressos mais acessíveis”, disse Djavan em entrevista a AGENDA A, em que falou também sobre sua visão atual sobre terra natal, a influência sobre os netos que estão se lançando na música e do novo álbum “D”, que inclui uma canção composta com a família em um encontro de final de ano em São Miguel dos Milagres.

Confira abaixo:

AGENDA A: O show em Maceió foi anunciado como a abertura da turnê internacional “D”. A decisão de começar por Alagoas e a escolha do bairro do Jaraguá para o show foi sua? 

Em todas as turnês, fazemos questão de passar por Maceió. Mas, em geral, devido aos espaços de apresentação, os shows terminam sendo para um público menor. Mesmo quando fazemos em ginásios, não passa de 6 mil pessoas, o que termina tornando o valor dos ingressos menos acessível. Queria dessa vez fazer um show em Maceió que pudesse reunir um público maior, como esse no Jaraguá, com muito mais gente e opções de ingressos mais baratos. (No Jaraguá, Djavan se apresentou só em show aberto patrocinado pela Prefeitura, em 2013, em programação com Hermeto Pascoal).  Já fizemos shows para 50 mil pessoas no Trapichão com a turnê Lilás (álbum de 1984), que foi lindo. A ideia é essa mesmo, dar um grande presente a Maceió, cidade linda que sempre faço questão de visitar, mesmo quando vou para Milagres.

Por falar em São Miguel dos Milagres, é verdade que a música “Iluminado”, uma das faixas do novo Álbum “D” em que você reuniu todo o lado musical da família no videoclipe (veja abaixo), nasceu de um encontro de final de ano por lá? 

Ela foi iniciada em Milagres, num dia de Sol, com a Sofia fazendo uma levada no ukulele, mas foi finalizada aqui no Rio. Queríamos fazer uma música para cima, iluminada mesmo, com a família reunida, vozes e instrumentos dos filhos e netos. Uma música para deixar de lado momentos de obscurantismo, para trazer um pouco de luz, e acho que o resultado final ficou muito bonito.

Seus netos Thomas Boljover e Lui Viana, que participam do clipe, já se lançaram na música com carreiras independentes. Até que ponto o avô Djavan orienta o trabalho deles? Até onde você vai para aconselhar sem interferir demais…. 

Minha participação é total. Até porque eles sempre me mostram, pedem minha opinião. Mas tenho sempre o cuidado para tentar exercer uma influência benéfica, dando opiniões de forma sutil, nunca dizendo o que cada um tem que fazer, até porque o importante é que cada um siga um caminho próprio, uma identidade. Mas todos eles têm essa vocação, sim,  acho que está no DNA, mas sempre digo a eles que o fato de ter essa vocação não garante necessariamente uma carreira consolidada. Enfim, participo, digo o que acho legal, mas sem uma influência que direcione muito.

E qual a influência da geração musical deles sobre você, você ouve alguém da geração deles, quem da nova geração lhe desperta admiração?  

Tenho sempre uma antena para a novidade, busco saber o que está acontecendo. E eles sempre trazem coisas novas, é uma troca. Não quero citar um ou outro nome em especial, tem muita gente nova talentosa. Mas sempre procuro o novo, essa busca pela novidade me dar um prazer enorme, preciso desse cheiro do agora, do novo que é sempre bem-vindo.

Seu novo álbum “D” foi finalizado exatamente 40 anos depois do álbum “Luz”, um marco na sua carreira e na música brasileira que inclusive lhe projetou internacionalmente. Como o compositor Djavan evita, digamos assim, se autoplagiar pelos próprios clássicos do passado? 

Em primeiro lugar, não costumo ficar escutando o que já fiz. Estou sempre em busca de outras influências, outras fontes de inspiração. A novidade é o que me nutre, não me interesso muito pelo que  fiz, estou sempre pensando no que vem. E como meu trabalho tem uma diversidade muito grande, acho que isso é uma vantagem enorme, porque me sinto sempre livre para me movimentar por vários lados, estilos e influências. Como essa diversidade faz parte da minha formação, não tenho dificuldades em me ater a uma expressão que me pareça nova. Busco algo que tenha um frescor, e sigo por aí.

Após lançar “Luz”, gravado em Los Angeles com participação de artistas como Stevie Wonder, havia uma programação para você fosse morarnos Estados Unidos e fizesse sua carreira por lá. Por que decidiu não ir? 

É engraçado eu então sempre tinha o sonho de morar nos Estados Unidos. Achava que minha musicalidade e carreira internacional se desenvolveria melhor por lá. E a ideia minha com o Tomas Munhoz (então chefe da CBS no Brasil) era exatamente  gravar nos Estados Unidos e depois eu morar lá pelo menos por dois anos. No início, fiquei encantado com a proposta mas, quando chegou o momento da definição, concluí que não devia ir. Não dava, afinal, para prescindir dos elementos culturais do meu país, da fonte do meu trabalho. Sou um compositor brasileiro, nordestino, alagoano, me alimento do material cultural que tenho aqui. O Tomás Munhoz ficou um tanto horrorizado com a decisão mas, acho que consegui  garimpar uma projeção internacional a partir do meu trabalho no Brasil. Fico feliz de ter conseguido esse espaço no mundo da música sem precisar ter me mudado.

Você se mudou para o Rio de Janeiro há 50 anos. Após todo esse tempo, qual sua relação hoje com Alagoas, o que você gosta mais no Estado?

Gosto de muita coisa em Alagoas. Ultimamente, meu refúgio principal tem sido em Milagres, mas sempre faço questão de ir a Maceió. Gosto muito do povo alagoano, um povo pacífico, gracioso. Esse é um Estado que tem um potencial enorme, uma cultura admirável, uma comida maravilhosa e, claro, o litoral mais bonito do Brasil. Como alagoano, claro, quero continuar tentando contribuir, da minha forma, para o crescimento do Estado.

por Rodrigo Cavalcante

 

SERVIÇO

Djavan – Estreia da turnê ‘D’ em Maceió

Data, hora e Local: sexta (31), estacionamento do Jaraguá, com abertura dos portões: 19h

Ingressos: a partir de R$ 40 – online: BilheteriaDigital.com (aqui), Viva Alagoas (Maceió Shopping) ou Folia Brasil (GBarbosa Stella Maris)